Há momentos em que o nosso estilo de vida já não nos satisfaz mais.
A vida perde o sentido. Vivenciamos, assim, os momentos de crise existencial.
Mas se até mesmo as ciências e a humanidade
passam por momentos paradigmáticos,
por que nós também não devemos passar?
P/Fernanda Marcondes
É normal vivenciar as crises existenciais. E vivenciaremos muitos momentos assim. São momentos paradigmáticos em nossa vida. E não só os seres humanos, mas as ciências e todo o desenvolvimento histórico-econômico-social da humanidade passam por construções e desconstruções de paradigmas.
Quando as ciências vivenciam paradigmas que não conseguem fornecer mais orientações, diretrizes ou norte para o trabalho científica, vive-se um momento de “crise existencial das ciências”. Os problemas deixam de ser resolvidos pelo paradigma vigente e vão surgindo outros com maior complexidade. A essa altura emergem no horizonte científico outros paradigmas para substituir o atual. Esse processo de surgimento e consolidação de novos paradigmas é o que o filósofo americano, Thomas Kuhn, denomina de “Revolução Científica”.
No campo do Direito, por exemplo, afirmam que o paradigma da Dogmática Jurídica é insuficiente para responder as novas demandas sociais desses tempos modernos. Nasce daí a necessidade de construir um outro paradigma que seja satisfatório para a satisfação dos novos sujeitos de direitos. A esse novo paradigma deu-se o nome de Pluralismo Jurídico.
Do mesmo modo, por exemplo, podemos entender que o Iluminismo, a Revolução Francesa, vulgo Revolução Burguesa, e as Revoluções Industriais foram momentos paradigmáticos para a história ocidental. A luta pela quebra de privilégio do clero e da nobreza, além do combate ao teocentrismo, marcaram a nova sociedade ocidental que estava por emergir. Nesse novo paradigma, a ciência – e não mais a religião - era a luz para a resolução de inúmeros problemas. Além disso, nesse novo contexto as relações de trabalho e econômicas seriam marcadas por outros pilares, os quais eram fincados na sociedade capitalista e por outro modo de produção.
Não só esses momentos foram paradigmáticos, mas também a crise de 1929; a primeira e a segunda guerra mundial; as ditaduras latino-americanas entre tantos outros que eu não saberia nem listar. Não foram momentos fáceis, isso é verdade. Em alguns deles como no campo de concentração nazista e nas prisões ditatoriais latino-americanas, vivenciamos momentos de terror, ódio, desesperança, desumanidade. Vivenciou-se a banalização do mal, categoria tão bem desenvolvida pela filósofa judia Hannah Arendt. Mas apesar de tudo, todos esses momentos foram paradigmáticos para a reflexão, reinvenção e para a construção da realidade brasileira atual, por exemplo.
Há momentos em que as ciências e a própria sociedade entram em colapso. Ficam em crise. E por que não nós também? Tudo isso talvez faça parte do pêndulo cíclico que ronda a vida. Inicia-se e fecha-se ciclos. Só que para um novo ciclo começar, algo o tem que fazer fechar. Eis, o motivo da necessidade da reinvenção de nós, das ciências e da humanidade: a imprescindibilidade de superação das crises para o início de uma nova fase. Espera-se que ao fim de fechamentos de ciclos, marcados muitas vezes pela crise, desespero e desesperança... que renasçam e nasçam novas flores!
Fonte:
http://lounge.obviousmag.org/inquietacoes/2015/03/o-porque-das-crises-existenciais.html
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