"... As brincadeiras permitem à criança, de forma geral, experimentar os limites e as regras sociais, sem traumas, construindo e desconstruindo quantas vezes ela quiser situações que precisa elaborar."
Brincadeira não é coisa à toa não, brincadeira é coisa muito séria. Tem até gente que estuda o significado do brincar, estuda como as atividades lúdicas podem organizar várias situações mentais, além de estimular a criatividade, principalmente na vida das crianças. E na vida de adulto também. Basta lembrar de Domenico de Masi, sociólogo italiano criador do termo ócio criativo, onde incentiva as pessoas a terem momentos de ociosidade a fim de estimular novas ideias, mas esse já é um outro assunto, mas pensa, se brincar faz bem para adultos que dirá para crianças?.
Segundo o Prof. Dr. Lino de Macedo, coordenador pedagógico do Instituto Pensi (Pesquisa e Ensino sobre a Saúde Infantil), do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, a ciência comprova que investir nos primeiros anos na educação da criança traz excelentes resultados sócio-econômicos, e diz: "Brincadeiras e jogos recortam aspectos da vida de uma forma simbólica. Podem ser vivenciadas muitas e muitas vezes, dentro desse contexto lúdico. São metáforas inspiradas em diferentes momentos da vida cotidiana e dos passos que damos. "
As brincadeiras permitem à criança, de forma geral, experimentar os limites e as regras sociais, sem traumas, construindo e desconstruindo quantas vezes ela quiser situações que precisa elaborar. Através das brincadeiras ela pode experimentar várias formas de interação, falar o que quiser, vivenciar frustrações e alegrias, ganhar e perder, andar na direção que bem desejar até encontrar uma forma confortável de interagir com o mundo que a cerca, dessa forma ela está construindo o adulto que será.
Quando brinca de faz de conta, por exemplo, a criança pode trabalhar questões afetivas próprias, levando-a a encontrar uma melhor compreensão de como funciona o mundo ao seu redor. Da mesma forma, ao brincar de casinha é possível que organize questões familiares e entenda os papeis dos membros de sua família. Os jogos de tabuleiro, de campo ou quadra, como xadrez ou futebol, entre outros, permitem experimentar normas e restrições em competições que, se bem orientadas, ajudará a enfrentar frustrações e alegrias entendendo que fazem parte dos processos naturais da vida.
A criança costuma brincar com aquilo que precisa entender, quer seja em relação a ela própria ou ao mundo a seu redor, ou os dois, ou mais. O que importa é que ao fazer isso desenvolve competências que lhe darão flexibilidade diante da vida, tolerância e resiliência, habilidades mais que necessárias para uma convivência madura e harmoniosa nesse terceiro milênio, e lapida os pequenos para uma postura ética e de cidadania, com mais capacidade de enfrentamento na vida.
Vale a pena ressaltar que os jogos eletrônicos são bacanas, vivemos numa era em que a convivência com a tecnologia é inevitável, porém o contato humano, o brincar com alguém de carne e osso e em tempo real, é imprescindível para o desenvolvimento humano, para a maturação das pessoas, para delicadezas como olhar no olhar. É, dá mais trabalho monitorar a brincadeira de seu filho com algum amigo que deixá-lo livre no vídeo-game, mas educar dá trabalho mesmo.
Pais, não roubem a infância de seus filhos! Compromisso de criança é brincar e estudar, e uma ou outra coisa a mais, não lotem a agenda deles com atividades extra-curriculares, natação, volei, teatro, futebol, canto e etcetera e tal. Seu filho terá muito tempo pela frente para fazer suas próprias escolhas e assumir outros compromissos. Brincar é tão importante que é um direito assegurado pelo ECA - Estatuto da Criança e Adolescente.
No mais, é o seguinte: brincar diverte, diversão traz alegria e gente feliz não incomoda. E de quebra, encanta a alma da gente.
Comentários
Postar um comentário