Estresse tóxico: doença infantil do século 21

o artigo é de 2013, porém está mais válido que nunca...


O tema preocupa. Agendas diárias de crianças, cheias de compromissos, estão gerando pequenos estressados e comprometendo seu desenvolvimento. Por isso, você, que atua junto a elas e aos pais, precisa ficar atento e ajudar a combater essa nova forma do estresse.

A matéria sobre o tema foi publicada na revista Época, no final de março. É tão importante que resolvemos compartilhá-la com você, para que possa fazer a sua parte, no dia a dia de seu trabalho.

Os pais estão cada vez mais preocupados com a formação de seus filhos, antevendo os obstáculos que irão encontrar no futuro, especialmente no mundo do trabalho. A preocupação é pertinente, mas a forma de amenizá-la é que preocupa.

Muitos pequenos têm uma agenda de compromissos de tirar o fôlego de qualquer adulto: natação, inglês, equitação, tênis, futebol…

Pode até ser que fiquem mais “preparados”, mas, ainda na infância, estão se tornando crianças estressadas e as consequências disso, no médio e curto prazo, não valem a pena. Para se ter uma ideia, o estresse infantil já é considerado um problema de saúde pública.

A matéria da Época traz o depoimento do psicoterapeuta João Figueiró, um dos fundadores do Instituto Zero a Seis, instituição especializada na atenção à primeira infância, que diz: “Frequentemente essa rotina impõe à criança um sentimento de incompetência, pois lhe são atribuídas tarefas para as quais ela não está neurologicamente capacitada.”

Os especialistas afirmam que essa exposição a uma rotina tão cheia pode transformar as crianças em adultos com propensão a doenças coronarianas, diabetes, uso de drogas e depressão. É mesmo preocupante!

Há um estudo, da pesquisadora Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), realizado com 220 crianças, entre 7 e 12 anos, que revelou oito em dez casos em que os pais foram atrás de ajuda profissional por causa da alteração de comportamento de seus filhos.

Mas, vale ressaltar, que o estresse faz parte da vida. O problema é como ele é vivenciado e por quanto tempo. Os cientistas do Centro de Desenvolvimento da Criança da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, classificam o estresse em três tipos:

Estresse positivo: há pouca elevação dos hormônios e se manifesta por pouco tempo.
Estresse tolerável: caracterizado pela reação temporária e que pode ser contornado quando a criança recebe ajuda.
Estresse tóxico: este sim é o mais perigoso, porque tem efeito prolongado no organismo associado à falta de suporte à criança.

Certos acontecimentos corriqueiros são os principais desencadeadores do estresse tóxico: frustração ou aflição frequentes, como brigas na escola ou na família, crítica e a desaprovação dos pais, excesso de atividades e o bullying.

Também faz parte desse tipo de estresse aquelas situações únicas, de forte impacto, como a morte de alguém próximo, um acidente, a agressão física, o abuso sexual.
“Exposto a esse tipo de estresse, o organismo sofre uma espécie de intoxicação.Cai a imunidade, deixando a pessoa mais exposta a infecções, há uma interferência nos hormônios do crescimento e até mesmo o amadurecimento de partes essenciais do cérebro, como o córtex pré-frontal, é afetado”, relata a matéria.

Crianças estressadas, então, estão mais vulneráveis às doenças. É fato. O problema é que, muitas vezes, os pais não associam a enfermidade do filho ao estresse e a criança acaba sendo medicada de forma errada.

Outro perfil do estresse tem sua origem na superproteção dos pais, que não deixam seus filhos enfrentarem as dificuldades naturais da vida, a exercitarem a resiliência – capacidade fundamental de adaptar-se e sair de situações adversas. Os pequenos se tornam mandões, ditam as regras da casa, e não conseguem lidar com as frustrações.

Outro depoimento que a revista Época traz é mais um alerta sobre o problema: “O estresse é um fator de risco importante para a grande maioria das doenças mentais”, diz Guilherme Polanczyk, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. “E seu efeito sobre o organismo é bem maior em sistemas menos maduros, como o das crianças.”

Alguns sintomas de estresse tóxico, levantados por pesquisas, são: dores de cabeça e abdominais, pesadelos, voltar a fazer xixi na cama e a chupar o dedo, crises de asma, alergias, déficit de atenção ou hiperatividade, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), dentre outros.

O problema é que ainda existem poucas ações voltadas para a saúde mental infantil, mas é possível monitorar a criança observando-a sob três aspectos:seu corpo (se enxerga e fala bem, se os hormônios estão em níveis adequados);sua inteligência (se está adequada à idade); seu lado emocional(comportamentos e reações).

http://desenvolvimento-infantil.blog.br/estresse-toxico-doenca-infantil-do-seculo-21/

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